JORNAL A TRIBUNA - QUARTA - FEIRA - 10/06/2009 - Tribuna Livre
De: Rafael Vieira Teixeira
“O mercado
certamente
não será capaz
de absorver esses
portadores
de canudos”
Nos últimos dias, o ensino a distância (EAD) tem sido discutido e apresentado como a solução para o problema da educação no Brasil. Mas esse assunto requer a atenção de todos.
Há anos esse tema é um dos mais polêmicos pontos da pauta da política nacional.
Há várias divergências quanto aos rumos que a educação deve tomar e, dentro dessa controvérsia, surge uma avalanche de modalidades de ensino. O ensino superior a distância é, talvez, a mais expressiva de todas elas. O ensino a distância foi regulamentado pelos governos, desde a Lei de Diretrizes e Bases da Educação às recentes portarias expedidas pelo Ministério da Educação (MEC).
Durante esse caminho, o ensino a distância ganhou espaço e apoio rapidamente em diversos setores da opinião pública.
Infelizmente, o oba-oba em torno das propagandas que anunciavam o acesso longínquo e gratuito da educação superior escondiam os interesses de segmentos mais interessados na difusão dessa modalidade de ensino.
No bojo da reestruturação capitalista, que chega ao Brasil sob o ideário neoliberal desde os anos 1990, estão os interesses dos grandes empresários do setor de serviços.
De maneira e com fortes aliados na política brasileira, esses empresários impuseram seus interesses em direção à privatização, mercantilização e desregulamentação dos diretos sociais, que haviam sido recém assegurados no texto da então nova Constituição Federal, de 1988.
Objetivamente, seus interesses estão baseados na transformação de diretos sociais em mercadorias baratas e sem qualidade.
Esse é, na essência, o caso da proliferação desenfreada do ensino superior a distância.
Grandes empresários conseguem, com o aval do Estado brasileiro, abrir diversos espaços de “ensino superior” a distância.
Como mercadoria, o dito “ensino superior” oferece cursos de graduação para brasileiros e brasileiras que historicamente tiveram o seu direto à educação negado.
São cursos que costumam oferecer cargas horárias mínimas, sem suporte didático-pedagógico, sem acesso à pesquisa e extensão e com uma educação extremamente conservadora e insuficiente. E é claro que esses cursos são pagos.
Ainda que não sejam tão caros como uma faculdade ou a permanência em uma universidade pública, representam um custo financeiro real na vida dos alunos.
Pessoas muitas vezes pobres deixam que faltem insumos básicos em suas casas para comprar uma mercadoria, que será, na maioria dos casos, uma mera promessa de profissão e de melhor inserção no mercado de trabalho.
Esse mercado certamente não será capaz de absorver esses “portadores de canudos”. E o que dizer do exercício de profissionais com formação insuficiente? E das pessoas que dependerão de seus serviços?
É lamentável que a aparência de uma meta quantitativa esteja cegando a sociedade brasileira em um dos seus pontos mais essenciais, ou seja, na formação de profissionais capazes de atuar na complexidade e rapidez do mundo contemporâneo.
É urgente tratar a educação em todos os níveis de forma responsável, com a devida importância que ela pode ter na vida das pessoas, como uma força de transformação.
No contexto do ensino a distância, a educação superior merece atenção devido à proliferação desordenada e sem fiscalização do negócio “educação a distância”.
O Conselho Regional de Serviço Social do Espírito Santo (CRESS-17ª Região) já se atentou para esse fato.
De: Rafael Vieira Teixeira
“O mercado
certamente
não será capaz
de absorver esses
portadores
de canudos”
Nos últimos dias, o ensino a distância (EAD) tem sido discutido e apresentado como a solução para o problema da educação no Brasil. Mas esse assunto requer a atenção de todos.
Há anos esse tema é um dos mais polêmicos pontos da pauta da política nacional.
Há várias divergências quanto aos rumos que a educação deve tomar e, dentro dessa controvérsia, surge uma avalanche de modalidades de ensino. O ensino superior a distância é, talvez, a mais expressiva de todas elas. O ensino a distância foi regulamentado pelos governos, desde a Lei de Diretrizes e Bases da Educação às recentes portarias expedidas pelo Ministério da Educação (MEC).
Durante esse caminho, o ensino a distância ganhou espaço e apoio rapidamente em diversos setores da opinião pública.
Infelizmente, o oba-oba em torno das propagandas que anunciavam o acesso longínquo e gratuito da educação superior escondiam os interesses de segmentos mais interessados na difusão dessa modalidade de ensino.
No bojo da reestruturação capitalista, que chega ao Brasil sob o ideário neoliberal desde os anos 1990, estão os interesses dos grandes empresários do setor de serviços.
De maneira e com fortes aliados na política brasileira, esses empresários impuseram seus interesses em direção à privatização, mercantilização e desregulamentação dos diretos sociais, que haviam sido recém assegurados no texto da então nova Constituição Federal, de 1988.
Objetivamente, seus interesses estão baseados na transformação de diretos sociais em mercadorias baratas e sem qualidade.
Esse é, na essência, o caso da proliferação desenfreada do ensino superior a distância.
Grandes empresários conseguem, com o aval do Estado brasileiro, abrir diversos espaços de “ensino superior” a distância.
Como mercadoria, o dito “ensino superior” oferece cursos de graduação para brasileiros e brasileiras que historicamente tiveram o seu direto à educação negado.
São cursos que costumam oferecer cargas horárias mínimas, sem suporte didático-pedagógico, sem acesso à pesquisa e extensão e com uma educação extremamente conservadora e insuficiente. E é claro que esses cursos são pagos.
Ainda que não sejam tão caros como uma faculdade ou a permanência em uma universidade pública, representam um custo financeiro real na vida dos alunos.
Pessoas muitas vezes pobres deixam que faltem insumos básicos em suas casas para comprar uma mercadoria, que será, na maioria dos casos, uma mera promessa de profissão e de melhor inserção no mercado de trabalho.
Esse mercado certamente não será capaz de absorver esses “portadores de canudos”. E o que dizer do exercício de profissionais com formação insuficiente? E das pessoas que dependerão de seus serviços?
É lamentável que a aparência de uma meta quantitativa esteja cegando a sociedade brasileira em um dos seus pontos mais essenciais, ou seja, na formação de profissionais capazes de atuar na complexidade e rapidez do mundo contemporâneo.
É urgente tratar a educação em todos os níveis de forma responsável, com a devida importância que ela pode ter na vida das pessoas, como uma força de transformação.
No contexto do ensino a distância, a educação superior merece atenção devido à proliferação desordenada e sem fiscalização do negócio “educação a distância”.
O Conselho Regional de Serviço Social do Espírito Santo (CRESS-17ª Região) já se atentou para esse fato.
É necessário que seja realizada uma ampla discussão que vise uma educação verdadeiramente transformadora e comprometida com o ser humano, e não apenas com o mercado. É imprescindível que todos os lados se apresentem e exponham seus reais interesses em torno da educação no País.
Rafael Vieira Teixeira é
assistente social e 2°
secretário do Conselho
Regional de Serviço Social
do Espírito Santo
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